A referência por aqui passou a ser a dívida bruta, que durante o primeiro mandado da presidente Dilma subiu quase 20%, da faixa de 53% do PIB para 63%.
A dívida pública do Brasil voltou ao radar das agências de classificação de risco, que ameaçam revogar o grau de investimento conquistado pelo país. A dívida líquida, que tradicionalmente serve de base para esse monitoramento, deixou de ser considerada pelos analistas que acompanham o Brasil graças à manipulação de dados, conhecida por contabilidade criativa, que era prática corrente da equipe econômica anterior. A referência por aqui passou a ser a dívida bruta, que durante o primeiro mandado da presidente Dilma subiu quase 20%, da faixa de 53% do PIB para 63%. Nessa questão somos campeões entre os países emergentes, e pior, temos também a dívida mais cara. É um sintoma claro de crise fiscal que pressiona a inflação e obriga o aumento da taxa de juros.
O déficit nominal do setor público, melhor indicador da saúde das contas do governo, fechou em 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, pior número da série histórica do Banco Central. O Fundo Monetário Nacional (FMI) prevê para os países emergentes uma média de 1,9%, em 2014, e 3,9% para os desenvolvidos.
Essa deterioração das contas tem a ver especialmente com o aumento das despesas públicas. O gasto primário da União cresceu 12,8% no ano passado, um adicional de R$ 108 bilhões, já excluído aquele proveniente da desoneração da folha de pagamento. O total do ano atingiu R$ 1,013 trilhão, 19,7% do PIB, contra 17,4% no início do mandato. E 15,9% ao final do mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O governo nunca gastou tanto como em 2014.
Infelizmente, as medidas corretivas só têm sido adotadas quando a situação fica crítica. E aí com um custo maior para a sociedade, à exemplo do pacote fiscal do início do ano. Como afirma Luiz Guilheme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas: “mudar o modelo das pensões equivale a iniciar o desarme de uma das bombas-relógio fiscais da economia brasileira, quando se pensa na combinação das regras generosas do regime anterior com o veloz envelhecimento da população”. O projeto com as mudanças propostas já fora concluído há mais de dois anos, mas não encontrava vontade política para ser implantado. No quadro atual certamente gerará recessão na economia. Se for flexibilizado pela pressão de setores da sociedade, o custo será ainda maior.
Como diz no Site Administradoreso economista Paulo Rabello de Castro, não existe Governo Grátis.
Carlos Rodolfo Schneider é empresário e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE).
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