Viroses infantis são termos desprovidos de significado médico. No passado, como não se dominava o conhecimento e a tecnologia necessária para fazer diagnósticos precisos, muitas doenças recebiam a classificação genérica de viroses.
Na verdade, esse nome funcionava como uma lata de lixo onde se atiravam todas as febres infantis sem causa aparente. “É virose, vai passar em poucos dias”, e as famílias se conformavam com o nariz escorregando, a diarreia, a febre, o mal estar, a inapetência e a imagem abatida da criança.
Dra. Denise Varella Katz é médica pediatra, membro do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e do Hospital Albert Einstein.Rosangela Conchon é empresária e mãe de duas crianças pequenas.
Viroses infantis são termos desprovidos de significado médico. No passado, como não se dominava o conhecimento e a tecnologia necessária para fazer diagnósticos precisos, muitas doenças recebiam a classificação genérica de viroses. Na verdade, esse nome funcionava como uma lata de lixo onde se atiravam todas as febres infantis sem causa aparente. “É virose, vai passar em poucos dias”, e as famílias se conformavam com o nariz escorregando, a diarreia, a febre, o mal estar, a inapetência e a imagem abatida da criança.
Atualmente, os médicos contam com recursos laboratoriais e de imagem para fazer diagnósticos mais rápidos e seguros – o que é muito importante mesmo nos casos de virose – pois nem todos os vírus são iguais. Aliás, são seres relativamente simples, mas muito diferentes uns dos outros. Em comum, têm a característica de necessitar de uma célula viva que lhes sirva de hospedeira para reproduzirem-se.
Quando começam a frequentar a escola ou o berçário, as crianças estão mais expostas à infecção por vírus. Contra algumas delas existem vacinas. É o caso da gripe, rubéola, poliomielite, sarampo e caxumba, por exemplo. Para outras, não existem.
Algumas viroses podem ser tratadas com drogas antivirais. Não se podendo contar com elas, o tratamento será apenas sintomático. Antibióticos só devem ser introduzidos caso surjam complicações.
CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS
Drauzio – Qual a principal característica das viroses?
Denise Varella Katz – Virose não é um termo técnico em medicina. Quando o médico diz que a criança tem uma virose, tanto pode significar que tem um resfriado comum ou uma diarreia, porque existem vírus que se alojam no trato respiratório, assim como existem os que se alojam no trato intestinal e causam diferentes sintomas.
O importante, porém, é que as viroses costumam ser doenças benignas, autolimitadas, que geralmente desaparecem numa semana, dez dias.
Drauzio – Como a mãe reconhece que o filho contraiu com uma virose?
Denise Varella Katz – Quanto mais novo for o bebê, principalmente antes dos três meses de idade, o primeiro sinal é a criança mamar menos e ficar menos espertinha. Já as mais velhas ficam mais chorosas, mas sabem contar o que sentem. Esses são os sinais subjetivos das viroses.
Os sinais objetivos são coriza, tosse, febre, que a mãe prontamente reconhece.
Portanto, febre, nariz escorrendo, indisposição e, em quase 100% dos casos, perda de apetite – o bebê mama menos no peito ou recusa a mamadeira, ou nada apetece à criança maior – são sinais precoces de que um vírus pode estar alojado no sistema respiratório ou intestinal.
ENTRADA NA ESCOLA
Drauzio – Rosangela, você é mãe de duas crianças, uma com um ano e pouco e outra com alguns meses. Seus filhos já apresentaram esses sintomas típicos das viroses?
Rosangela Conchon – Com certeza. Principalmente o Laurent, o mais velho, por ser portador também de um quadro alérgico, vira e mexe apresenta esses sintomas. Hoje, quando o levo ao consultório da Dra. Denise, até prefiro que diagnostique uma virose a uma infecção que o obrigue a tomar antibióticos. A virose, pelo menos, eu sei que passa em uma semana.
Drauzio – O Laurent já está na escola?
Rosangela Conchon – Está no berçário desde os dez meses.
Drauzio – Em geral, quando a criança entra na escola, os episódios de viroses ficam mais frequentes. Isso aconteceu com o Laurent também?
Rosangela Conchon – A incidência aumenta mesmo, mas o Laurent teve viroses sempre, mesmo antes de ir para o berçário, porque desde pequeno apresenta um quadro alérgico.
Drauzio – Como você age quando Laurent tem uma virose?
Rosangela Conchon – Desde que ele começou a frequentar o berçário, minha preocupação maior é perguntar para a dra. Denise se a virose é contagiosa e se posso mandá-lo para o berçário. Como há oito berços em cada quarto, a convivência próxima das crianças aumenta a probabilidade de transmissão do vírus. Não sei se todas as mães têm essa consciência. Eu, felizmente, tenho um respaldo que me permite deixá-lo em casa aos cuidados de outra pessoa.
Drauzio – Às vezes, elas têm consciência, mas não têm condições de deixar a criança em casa por causa do trabalho.
Rosangela Conchon – Eu posso contar com o respaldo de uma pessoa para ficar com o Laurent em casa, mas sei que essa não é definitivamente a realidade de todas as mães.
Drauzio – Você notou se seu filho ficou mais doente depois que entrou na escola?
Rosangela Conchon – Acho que teve mais viroses. Inclusive, logo depois que entrou no berçário, teve estomatite, doença que lhe provocou muito sofrimento.
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